No primeiro artigo que escrevi esse ano no Linkedin, falei sobre os seis atributos definidores de um líder orientado para o design. Hoje quero conversar com vocês sobre como podemos usar essas características para nos tornar colaboradores mais eficazes.
Eu costumo chamar essa abordagem de "A morte do guru", para lembrar que a era da pessoa que "sabe-tudo", que surge com ideias do nada e toma decisões por conta própria, está acabando.
Embora ainda possamos admirar e idolatrar os gênios do passado, como Steve Jobs, hoje a realidade indica que esse tipo de brilhantismo isolado não existe mais.
As inovações atuais são criadas em grupos.
Dados extensos das últimas duas décadas nos mostram que o tempo gasto por gerentes e funcionários em atividades colaborativas aumentou em 50% ou mais, em média. Esse é o tempo gasto em brainstorming, reuniões e outros tipos de colaboração informal.
Não é de surpreender que a colaboração tenha se tornado a característica número um que os líderes corporativos mais desejam em seus funcionários e, no Legal Design, ela é essencial.
Entendendo as razões para isso
Por que a colaboração, o ato de trabalhar em equipe para resolver um problema ou criar uma nova oportunidade, se tornou tão crucial para as organizações?
Bem, em primeiro lugar, em muitos casos não temos outra escolha. Nós evoluímos para uma sociedade onde poucos podem criar valor sozinhos.
Todos trabalhamos juntos, muitas vezes em contato direto, para produzir novos serviços, produtos e experiências para os usuários.
E, quando consideramos experiências proporcionadas pelas redes sociais e pelos ambientes digitais, a criação conjunta vai além da concepção ou do produção inicial, pois se torna um relacionamento permanente, de feedback e evolução constante.
Equipes de programadores, designers de experiência do usuário, desenvolvedores, juristas, especialistas em otimização de mecanismos de pesquisa, pesquisadores e usuários, todos colaboram e criam em conjunto diariamente.
Esse esforço colaborativo gera o conteúdo do produto e, como resultado, muito de seu valor.
Portanto, se você deseja criar serviços jurídicos mais eficientes e humanos, garanta que você seja um colaborador eficiente e que trabalhem em equipes colaborativas.
Veja a seguir todas as vantagens de fazer isso, os pontos de atenção e como garantir maior eficiência.
A colaboração como combustível da criatividade
A colaboração é tão importante que, mesmo que não precisássemos colaborar, as evidências dizem que devemos, pois ela nos oferece uma recompensa poderosa.
A criatividade é impulsionada pelo esforço coletivo!
Como expliquei também em outro artigo do ano passado, a criatividade nada mais é do que fazer conexões a partir de ideias existentes no seu portfólio de experiências e, dessa forma, quanto maior for o seu repertório, maiores as chances de ser mais criativo e ter ideias inovadoras.
A colaboração aumenta o seu repertório. Você não conseguiria ter a vivência que o outro teve.
Eu, por exemplo, trabalhei quatro anos na Microsoft e tive a oportunidade de ir para a sede da corporação em Seattle e ver onde tudo começou. Outra pessoa pode ter tido essa experiência na Apple, e ser bem diferente.
Em resumo, podemos ser mais perspicazes e mais inteligentes coletivamente do que quando atuamos individualmente. No entanto, é importante lembrar que, para ter sucesso, os grupos devem ser compostos por pessoas com diversos talentos e experiências.
O poder da diversidade
Isso eu também expliquei em outro artigo, onde dou detalhes e exemplos práticos de como a diversidade foi responsável pelo sucesso das empresas do Vale do Silício.
Um estudo fascinante de Brian Uzzi e Jarrett Spiro analisou o impacto da colaboração no sucesso artístico e financeiro das peças da Broadway.
Eles comprovaram que o sucesso criativo era mais provável desde que a produção fosse mista, com participantes experientes e novatos. Os membros mais novos trouxeram novas ideias e interpretações. Já os mais experientes ajudaram a integrar as inovações e torná-las mais acessíveis e populares.
Assim, a soma de pessoas mais experientes em Legal Design com aquelas que estão apenas começando, com pessoas que são de outras áreas além do direito e até mesmo os usuários, aumentam as suas chances de sucesso.
A colaboração também cria comunidades melhores dentro de uma empresa
A integração de mais partes interessadas no processo de criação conjunta aumenta também os sentimentos de inclusão e compromisso de todos.
Porém, se reconhecermos o efeito benéfico do processo de cocriação, como nos tornamos adeptos de incentivar e promover a colaboração para nossas equipes e nossa empresa?
É importante lembrar que a maioria de nós cresce trabalhando em equipes em alguma área de nossas vidas, no entanto, a colaboração eficaz raramente é uma habilidade que é ensinada formalmente. Recebemos algumas orientações iniciais, somos bonzinhos, compartilhamos os brinquedos e praticamos esportes.
Mas é só isso.
Para colaborar de forma mais efetiva, o segredo é praticar. Quanto mais você o faz, melhor você fica.
Como aprimorar a colaboração na sua organização
Eu sei que, para muitos de nós, é difícil aprender a colaborar na infância e, fica ainda mais desafiador quando levamos isso para o local de trabalho.
Vou listar aqui as coisas com mais chances de dar errado dentro de um processo de aplicação do conceito de colaboração em um grupo e então você saberá como adotar a estratégia mais adequada.
1) Esforço desproporcional.
O esforço desproporcional é um dos problemas mais comuns.
As pesquisas mostram que a distribuição do trabalho colaborativo costuma ser desigual na maioria das vezes. Em regra, de 20% a 35% das colaborações de valor agregado vêm de apenas 3% a 5% dos participantes do grupo.
Se você é uma daquelas pessoas que carrega o piano para os outros membros da equipe, sabe como isso pode ser frustrante.
Procure garantir que todos tenham uma participação equilibrada em cada projeto.
2) Falha de comunicação
Outro problema comum nos processos colaborativos é a falta de uma comunicação adequada e assertiva, o que leva a erros, direção equivocada, prazos perdidos e muito mais.
Isso raramente é intencional. É simplesmente mais difícil gerenciar a comunicação dentro de um grupo.
Estabeleça uma fonte de comunicação única e use linguagem direta e simples para garantir a compreensão por todos. Utilize ferramentas como Trello ou Asana para isso.
3) Falta de reconhecimento
Há também um problema relacionado é a falta de apreciação e reconhecimento individual.
Muitos colaboradores sentem que seu trabalho desaparece ou é obscurecido por outros que assumem o crédito.
Adote as medidas necessárias para que o mérito do resultado do projeto seja compartilhado de forma igual entre todos. Não há uma estrela. A liderança não é mais vertical.
Compartilhe da ideia de que se o projeto for um sucesso, o sucesso foi resultado do trabalho de todos, da mesma forma que se for um fracasso, o fracasso foi resultado do trabalho de todos.
4) Falha na delegação das atividades
Por fim, a colaboração pode ser uma perda de tempo se todos os membros da equipe tiverem habilidades redundantes ou se buscarem fazer as mesmas tarefas.
A cocriação requer que as equipes rastreiem todo o seu trabalho de forma visível. É por isso que nos estúdios de design você encontra tantas paredes ou quadros com post-its.
Se isso não for viável, os espaços de colaboração digital também podem funcionar.
O objetivo é colocar todos na mesma página, de forma que possam trabalhar juntos com a maior eficiência possível.
Garantindo a maior eficácia do grupo
Pesquisadores de Harvard descobriram que o indicador mais forte da eficácia do grupo na resolução de problemas era a quantidade de saúde que os analistas davam uns aos outros.
Na reunião inicial, você faz um exercício simples chamado superpoderes e criptonita.
Cada pessoa da equipe descreve suas três habilidades mais fortes, bem como as suas três maiores fraquezas. Como você pode imaginar, as pessoas têm mais dificuldade em admitir suas fraquezas. Mas, ao fazer isso, a equipe entende melhor como trabalhar em conjunto.
Por exemplo, meu time e eu trabalhamos juntos há anos, e eles sabem que sou extremamente bem organizado. Porém, eu não sou muito orientado aos detalhes. Sou mais a parte criativa. E eu também tendo a assumir muitas responsabilidades.
Porque sabemos isso uns dos outros, somos capazes de compensar as nossas fraquezas.
Conclusão
Em resumo, se você quer ser um Legal Designer conhecido por sua criatividade, eficiência, que sabe trabalhar em grupo e que entrega as melhores soluções jurídicas, tenha especial atenção com a sua habilidade de colaborar.
Colaborações bem-sucedidas não acontecem por acaso. São processos bem geridos com prazos razoáveis, reuniões regulares e comunicação entre os membros. Eles envolvem um processo bem compreendido que todos concordam em seguir.
Quer você use um método ágil ou algum outro processo, certifique-se de que a sua equipe saiba não apenas o que está fazendo, mas também como o está fazendo.
A tecnologia certa aumenta e apoia um bom processo colaborativo.
Comece com as ferramentas mais simples possíveis que farão o trabalho. Certifique-se de que todos os seus colegas de equipe saibam como usá-los e só adicione ferramentas mais complexas apenas se for absolutamente necessário.
Quanto ao gerenciamento da dinâmica da equipe, um objetivo principal é garantir que todos contribuam igualmente para as discussões, em vez de permitir que uma ou duas pessoas com mais personalidade ou que falem mais alto dominem o grupo.
Como líder, você pode precisar reforçar isso chamando aqueles que não falam o suficiente e silenciando aqueles que falam com muita frequência.
Observe cuidadosamente e acompanhe o que as outras pessoas sentem, sabem e acreditam.
Tente manter uma discussão saudável sem deixar que ela se transforme em discussão. Se as tensões aumentarem, lide com elas de forma rápida, honesta e aberta.
Finalmente, lembre-se sempre de mostrar apreço e dar o devido crédito a todos os membros da equipe, mesmo em projetos pequenos. Essa é uma forma valiosa de encerrar um projeto de colaboração porque faz os membros se sentirem bem consigo mesmos.
E é mais provável que eles queiram trabalhar com você no futuro.
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