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Foto do escritorMauro Roberto Martins Junior

Legal Design: é hora de adotar locais de trabalho mais humanos



Depois de dois anos, as pessoas estão repensando o papel dos empregos em suas vidas.


Nas últimas décadas, com o aumento da concorrência provocada pela globalização, o avanço das novas tecnologias de comunicação e a maior exigência dos clientes, o normal era viver para trabalhar e não o contrário.


Presenciei advogadas vivendo suas vidas em uma corda bamba, equilibrando várias tarefas conflitantes, algumas tiveram que escolher entre a carreira e o sonho da maternidade (até uma que deu à luz a gêmeos na sua sala no escritório de advocacia), filhos crescendo longe dos seus pais, pessoas de quarenta anos com aspecto de 50, cansados, estressados, com a saúde fragilizada.


Eu mesmo saia de casa às 07:00hs para evitar o trânsito de São Paulo e só voltava para casa depois das 21:00hs, pelo mesmo motivo. Não tinha vida, nem tempo para nada.


Os efeitos da pandemia


Na vida pessoal, começamos a ver o quanto é bom estar perto dos filhos e vê-los crescer. O quanto é bom não precisar perder horas no trânsito para se deslocar para ir e voltar do escritório. O quanto é bom aproveitar esse tempo para se estressar menos, produzir mais e ainda ter tempo para fazer uma caminhada, praticar um esporte ou simplesmente relaxar, tomar um vinho, assistir um filme.


Para as empresas, antigos mitos foram por água abaixo, como aquele que dizia que as pessoas não são produtivas no trabalho remoto, ou que os clientes gostam de atravessar a cidade, pegar trânsito e perder tempo, só para ter o prazer de uma reunião presencial improdutiva.


Claro que há exceções em todos os casos. Refiro-me aqui àqueles que foram inteligentes para estudar e saber se adaptar ao novo cenário. Como disse Leon C. Megginson: “Não é o mais forte que sobrevive, nem o mais inteligente, mas o que melhor se adapta às mudanças.”


Uma nova forma de pensar o trabalho e os locais de trabalho


Para quem está chegando aqui agora e está estranhando esse tema sendo tratado por um especialista em Legal Design, aproveito a oportunidade para te ajudar a entender que existem 5 tipos de Legal Design e um deles é o Design de Organização, dedicado a projetar times jurídicos mais eficientes, que trabalham juntos de uma forma melhor e apresentam melhores resultados.


E isso é extremamente necessário nesse momento.


Você já deve ter ouvido o termo “burnout”, uma vez que ele tem sido mencionado bastante nos últimos dois anos.


Nós podemos traduzi-lo como “exaustão”, “fadiga”, “cansaço extremo” ou qualquer outra palavra ou expressão que capture o terrível custo de saúde mental que a pandemia causou nas pessoas, e o ponto é o mesmo – os advogados estão em seu ponto de equilíbrio.


Um relatório da Thomson Reuters descobriu que 58% dos departamentos jurídicos tiveram um aumento na carga de trabalho em 2020, às custas de seu orçamento.


De fato, a maioria dos departamentos jurídicos foi forçada a reduzir seus orçamentos e gastos em 29%.


Além disso, um outro estudo realizado pela LawCare descobriu que quase 70% dos 1.700 advogados pesquisados ​​sofreram problemas de saúde mental durante a pandemia, incluindo ansiedade e depressão, de acordo com um artigo recente do Financial Times.


O relatório General Counsel Survey Report: Corporate Conscience at Stake, apresentado pela universidade de Stanford em 2021 descobriu que a maioria dos Diretores Jurídicos (84%) disse que a saúde mental de sua equipe foi impactada pelo aumento do nível de responsabilidade que a pandemia colocou sobre eles.E 83 % disseram que eles próprios sentiram os efeitos.


O Burnout tomou conta de grande parte dos profissionais do direito, e os sócios de escritório e diretores jurídicos sentiram isso ao mesmo tempo que precisavam aliviá-lo para seus próprios funcionários.


Perda de talentos


Outra expressão que tem sido muito utilizada nos últimos tempos é “The Great Resignation” ou “A Grande Demissão”, em português, que se refere ao número crescente de pessoas que estão pedindo demissão dos seus empregos.


Mais de 47 milhões de pessoas deixaram seus empregos nos Estados Unidos. No Brasil, o efeito chegou um pouco depois, mas já temos uma média de 500.000 pedidos de demissão voluntária por mês.


Os advogados não são necessariamente levados a deixar seu emprego ou sua profissão apenas porque existem empregos melhores onde eles podem ganhar mais dinheiro.


Eles estão reavaliando o que é importante para eles em suas carreiras. Reavaliar prioridades e o buscar um maior equilíbrio entre trabalho e vida pessoal é algo que pode ser feito mais facilmente agora do que no passado, especialmente em um mundo cada vez mais virtual.


Como as pessoas estão analisando suas carreiras com mais atenção, pensando onde estão, onde estiveram e para onde querem ir, estão refletindo sobre o que é importante para elas.


Os sócios de escritórios de advocacia e diretores jurídicos precisam garantir que estão considerando isso ao planejar como reter seus principais talentos.


Ao invés vez de tornar a produtividade o jogo final “a todo custo”, eles devem criar ambientes de trabalho que inspirem a solução de problemas, equidade, colaboração e criatividade para que todos possam viver uma vida equilibrada.


As empresas e escritórios precisam tratar as pessoas como seres humanos completos, com vidas e entes queridos fora do trabalho.


As pessoas estão realmente cansadas, sejam eles advogados de escritório que trabalham de 50 a 60 horas por semana ou sócios e diretores jurídicos, que lidam com a semana de trabalho 24 horas por dia, 7 dias por semana.


Se analisássemos o problema como comum a esses grupos que raramente estão na mesma sala, faríamos mais progressos.


3 coisas que diretores jurídicos e sócios de escritório devem fazer se quiserem manter seus principais talentos


Você já pensou que seus melhores talentos podem sair a qualquer momento?


Como diretor jurídico ou sócio de escritório de advocacia, você reconhece que a sua principal função é organizar as coisas para fornecer valor aos clientes (externos ou internos), certo?


Embora um serviço excelente e uma entrega mais rápida melhorem a satisfação dos clientes, é igualmente importante que você invista em sua equipe.


Em meio à tanta confusão, reconhecer que a pandemia adicionou demandas e sobrecarregou as equipes com cargas de trabalho cada vez maiores, e o impacto que o estresse tem no bem-estar da saúde mental de sua equipe é fundamental para o sucesso da sua organização.


A preocupação com a saúde mental e do bem-estar é agora um dos maiores impulsionadores dos pedidos de demissão dos profissionais da área jurídica.


Veja a seguir o que diretores jurídicos e sócios de escritórios de advocacia podem fazer para reduzir a rotatividade, diminuir o esgotamento e garantir que os advogados não tenham que sacrificar os valores do departamento e da empresa por causa dos lucros e das metas de negócios:


1. Proporcione autonomia: mantenha a ênfase na flexibilidade


Alguns gestores desejam voltar a um modelo de trabalho presencial ou híbrido, mas muitos advogados simplesmente não querem sacrificar a liberdade à qual estão acostumados.


Se pararmos para pensar, essa é mais uma limitação da habilidade de liderança e gestão dos próprios diretores e sócios do que de produtividade e comprometimento dos advogados.


Há uma suposição de que se o advogado estiver ali ao lado do chefe, ele apresentará melhores resultados. Mas há algumas falhas nessa suposição, e cada vez mais equipes jurídicas estão começando a reconhecer isso.


É até ridículo pensar que o máximo de flexibilidade que podemos dar aos advogados seja só a de escolher em qual cadeira se sentarão dentro do escritório.

Os advogados querem mais autonomia. As empresas e escritórios que fizerem isso certo vão encontrar e manter os melhores talentos.


Além disso, se estiverem dispostos a contratar advogados remotos, eles abrirão o acesso a um conjunto muito mais amplo de recursos de talentos espalhados pelo país ou até, pelo mundo.


2. Crie uma declaração de missão: Garanta que a saúde e o bem-estar sejam uma prioridade


É fundamental deixar bem claro para os advogados que o seu bem-estar físico e mental é uma prioridade para sua estratégia de negócios.


Incluir isso em uma “declaração de missão” do departamento ou do escritório vai ajudar você e sua equipe a aderir a esses valores e mostrar que, embora a comunicação dos esforços seja importante, você também está agindo de acordo com sua missão.


Além disso, não é necessário ter um MBA ou PhD para entender que as pessoas estão lutando com eventos da vida ou circunstâncias únicas e nunca vistas, devido às mudanças constantes provocadas pela pandemia.


3. Comunique-se de forma adequada: mantenha uma transparência genuína


Talvez uma das etapas mais simples, mas muitas vezes ignoradas, que todo líder deve considerar é proporcionar transparência.


Oferecer autonomia e flexibilidade, priorizando o bem-estar de sua equipe, são iniciativas que devem ser comunicadas de forma adequada.


Um escritório ou departamento jurídico que esteja pronto para aceitar e fazer a mudança terá sucesso, mas isso só é possível se as mudanças forem divulgadas aos membros de sua equipe.


Os advogados se sentem mais engajados onde seus líderes são claros e transparentes e, portanto, são menos propensos a sair para outras oportunidades.


Para realmente reter os melhores talentos, você precisa comunicar demais todas as maneiras pelas quais está mantendo o bem-estar da equipe como prioridade máxima.


Conclusão


Simples. Menos stress e mais engajamento.


Proporcionar melhor qualidade de vida e saúde para os seus advogados pode levar ao aumento da produtividade e maior satisfação no trabalho.


Comprovando esse ponto, o Gartner afirma que “as organizações que apoiam uma cultura de “escolha seu próprio estilo de trabalho” aumentarão as taxas de retenção de funcionários em mais de 10%”.


Não se esqueça. A grama pode ser mais verde no concorrente. E o seu melhor advogado pode ir para lá, não apenas levando o conhecimento dele, mas informações sobre os seus bastidores e, no caso de escritórios, até alguns clientes...


Convite


Se você quer conhecer mais sobre o Design de Organização, e como esse método pode ajudar a redesenhar seu escritório ou departamento jurídico, clique aqui para mais informações.


Mauro Roberto Martins

CEO e Fundador da Escola Brasileira de Legal Design

The Legal Designer

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