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04 princípios fundamentais para um bom projeto de Legal Design

Quando falamos sobre o Legal Design, que é a adaptação do Design Thinking para o mundo jurídico, estamos falando de algo que tem o potencial de transformar a prática do direito tornando-a mais acessível, ao mesmo tempo que ajuda os advogados a melhorar a prestação de serviços, criar produtos digitais e tornar as informações jurídicas menos complexas.


No entanto, por ser uma ciência nova, muitos profissionais ainda têm dúvidas sobre o que torna uma iniciativa de Legal Design em um bom projeto.


Para ajudar, embora existam muitos temas e padrões distintos no Legal Design, acredito que há alguns princípios que sempre estão presentes em projetos de Legal Design bem sucedidos, quais sejam:


1. Tornar os usuários de serviços jurídicos mais capacitados e promover um relacionamento colaborativo entre a pessoa e o advogado.


Em uma era em que a informação é abundante e tudo pode ser encontrado no Google, os clientes não querem mais serem tratados como ignorantes ou crianças em relação a questões jurídicas.


Em outras palavras, já se foi o tempo em que o cliente largava o seu caso nas mãos de um advogado sem querer saber mais informações sobre o que será feito e acompanhar o que está se passando com o seu caso.


Os clientes querem colaborar com seus advogados, contribuir da melhor maneira que puder, seja com documentos, levantamento de informações ou qualquer outra ajuda, ou seja, desejam ter um papel maior em sua própria defesa.


Portanto, bons projetos de Legal Design sempre ajudam o usuário a entender o que está acontecendo e promovem mais ferramentas para ele se desenvolver e colaborar com seus advogados, dando às pessoas uma sensação de transparência e dignidade ao interagir com os profissionais que as representam.


2. Fornecer visualizações baseadas em processos do trabalho jurídico e dar uma visão panorâmica do que se aproxima


Outra reclamação constante dos usuárois de serviços jurídicos é a falta de entendimento claro sobre o que está por vir, os caminhos possíveis, as alternativas, as consequências.


Como são leigos, eles não precisam de jargões jurídicos ou termos técnicos, mas de um passo a passo, tipo um jogo de tabuleiro ou um mapa, que mostra a jornada a ser percorrida entre o problema jurídico atual e sua futura solução.


Eles querem algo tipo um Google Map jurídico, ou seja, desejam apenas ver uma versão reduzida de como é o terreno legal em que estão.


Portanto, bons projetos de Legal Design sempre mostram claramente qual é o caminho que o usuário deve percorrer, para que ele entenda de onde está saindo, para onde está indo, o que está acontecendo em cada momento, quem está fazendo o que e como ele pode contribuir.


3. Seja simples no front-end e inteligente no back-end


Pense no seu computador, smartphone ou aparelho de smart tv. Por mais complexos e sofisticados que eles sejam na parte de trás (back-end), seu uso e operação são fáceis para as pessoas (front-end).


E um bom projeto de Legal Design segue essa mesma lógica. Por mais complexo que seja o serviço jurídico que você está oferecendo, essa inteligência deve ficar nos bastidores. Para o usuário, a interação com o seu serviço jurídico deve ser sempre simples, fácil e intuitiva.


As pessoas não querem, por exemplo, ter muitas opções a fazer. Elas preferem saber qual é a melhor estratégia para elas (e para a maioria das pessoas) e depois segui-las.


Dar muitas opções ou informações dificulta o engajamento.


Portanto, os bons projetos de Legal Design são sofisticados no back-end, fazem escolhas estratégicas e resumem as informações ao essencial, ao invés de derramar todo o conteúdo e opções no usuário. e, quando necessário, apresentam os detalhes ou opções não padrão em separado, apenas caso o usuário queira se aprofundar mais.


4. Permita que os usuários personalizem a experiência


O Legal Design busca a maior eficiência dos serviços jurídicos e, apesar de ser muito útil a criação de uma "persona" que resume as características da maioria dos usuários, tratar todas as pessoas como se fossem iguais faz essa eficiência cair.


Algumas pessoas gostam de ler, outras são mais visuais. Alguns gostam de receber informações básicas, enquanto outros querem manter um alto nível de conhecimento e participar mais ativamente da tomada de decisões. Alguns adoram tecnologia e outros já preferem uma versão impressa em papel.


Portanto, os bons projetos de Legal Design levam isso em consideração e oferecem o mesmo conteúdo em formatos diferentes, para atender a esses diferentes tipos de usuários.


Conclusão


Nenhum setor está imune, e todos os profissionais devem se concentrar muito mais em inovação, experimentação e mudança do que normalmente fazem.


O Legal Design nos ajuda a garantir que a lei sirva a todas as pessoas. O direito precisa de motores de renovação e interrupção, e o Legal Design alimenta esses motores, dando aos advogados as ferramentas para tornar as instituições jurídicas de amanhã melhores do que as de hoje.


Porém, os projetos de sucesso deixam rastros, criam padrões, então é importante ter isso em mente quando você for aplicar o Legal Design.


Podemos concluir com a ideia de que não basta mudar a fonte, aplicar cores, incluir ícoes e criar um documento de texto convertido para PDF com suas informações e deixá-lo lá. Isso é melhor do que o que temos hoje, mas ainda é pouco.


Os melhores projetos de Legal Design empoderam os usuários, permitem que eles não só colaborem com o advogado, mas também que entendem o passo a passo, facilitam a interação (apesar da complexidade por trás) e proporcionam a personalização.


Pode parecer muito trabalho, mas se você realmente deseja que os clientes encontrem suas excelentes informações e recursos, bem como possam usá-los, vale a pena investir em versões criativas, amplas e personalizadas.


Mauro Roberto Martins Junior

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