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Legal Design e saúde mental dos advogados: como está a experiência dos seus colaboradores?

O mês de setembro é o mês de prevenção do suicídio no Brasil, sendo que cerca de 96,8% dos casos estão relacionados a transtornos mentais, como a depressão, seguida do transtorno bipolar e abuso de substâncias.


E, nas profissões jurídicas, o cenário não é nada animador.


Dados da Associação Americana de Psicologia apontam que os advogados, bem como juízes e promotores, sofrem de depressão 3,6 vezes mais do que do que profissionais que não trabalham como juristas.


Segundo o CNJ, depressão, síndrome de burnout, ansiedade e estresse, motivaram o afastamento de 30% dos advogados e 60% dos procuradores, entre 2012 e 2018.


Além de atuar em uma área que exige muita responsabilidade, atenção e cuidado, muitos ainda precisam lidar com prazos, disputas, excesso de demanda e questões emocionais dos clientes que não fomos treinados para saber como lidar.


Se até 2018 já tínhamos tantos problemas de saúde mental na área jurídica, o que diriam os estudos se analisassem os anos de 2020 e 2021?


Como o Legal Design pode ajudar?


Se esse é o seu primeiro contato com o Legal Design, vou explicar muito brevemente.


O Legal Design é a aplicação, ao mundo do direito, do processo de design centrado no usuário, que tem como objetivo criar sistemas e serviços jurídicos mais humanos, úteis e satisfatórios.


Ele se divide em 05 tipos: (i) design de informação ou visual law; (ii) design de produto, (iii) design de serviço, (iv) design de organização; e (v) design de sistemas.


Para o problema que eu trouxe nesse artigo, a saúde mental dos advogados, a solução aplicável é o Design de Organização.


Segundo Margaret Hagan, autora do livro que é a base do Legal Design (Law by Design), o design de organização é aquele que se concentra em como as pessoas podem trabalhar juntas e obter melhores resultados em sincronia.


Ela explica que o projeto pode envolver a mudança de pessoal, espaço, remuneração, incentivos e cultura em uma organização jurídica.


E vai muito além disso. O design de organização projeta a experiência de trabalho ideal, ou seja, analisa e desenha os times, os fluxos de informação, as tecnologias auxiliares e muito mais.


A ideia é mudar a mentalidade tradicional das organizações jurídicas que copiam umas das outras a forma de trabalhar há décadas e colocar adotar uma mentalidade holística, que coloca o profissional no centro.


Em outras palavras, precisamos deixar o foco em customer centric para sermos mais human centric, ou seja, centrado em seres humanos. Afinal, a experiência que o seu cliente tem é o fruto dos esforços coletivos dos colaboradores.


Richard Brandson tem uma ótima frase que reflete esse pensamento:


“Os funcionários vêm primeiro. Se você cuidar de seus funcionários, eles cuidarão de seus clientes”.

Para tanto, o primeiro passo é começar a ouvir os advogados do seu escritório ou do seu departamento jurídico.


E o interessante é começar pela base, pelos advogados que têm maior contato com os clientes, pois eles as pessoas que realmente conhecem os problemas e os processos operacionais que os estão criando.


Portanto, o primeiro passo para solucionar os problemas é criar um canal para que você possa ouvir e entender os pontos de dor dos seus advogados.


Pode parecer bobagem, mas um computador que trava a todo momento e não permite que o advogado realize suas atividades tem um potencial enorme de geração de conflito e estresse.


Resolver esse problema gera uma experiência fantástica para o profissional e o faz sentir que é apoiado e valorizado.


Da mesma forma, uma má gestão das atividades que sobrecarrega a equipe, um gestor assediador ou um cliente que não respeita o profissional, um ar condicionado que vive a dar problemas ou um ambiente muito barulhento, a falta de um espaço de descanso e relaxamento ou a falta de um software que ajude nas suas tarefas.


Enfim, tudo isso será analisado pelo Legal Designer que, ouvindo os advogados daquela organização, projetará as mudanças que ajudarão o time a trabalhar melhor junto, atingir melhores resultados, ser mais produtivo e, no final do dia, ajudar na saúde e bem-estar do profissional do direito.


O que achou?


Se você é um profissional do direito que se identificou com essa situação, comenta aqui no artigo quais são os seus maiores desafios e problemas no exercício da profissão.


O que mais te tira do sério? O que tira o seu sono? O que tira a sua saúde?


O mundo está passando por um momento de inflexão e, apesar de toda a dor, não deixa de ser uma oportunidade única para promovermos as mudanças que tanto queremos.


E a experiência de trabalho dos profissionais do direito está intrinsecamente ligadas aos problemas do antigo mundo, daquele ecossistema doente, seus valores e ética.


Gostaríamos de incentivar todas as organizações jurídicas a revisarem a experiência dos seus profissionais nesse mês de setembro e a planejarem um 2022 mais saudável para todos.



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